Jesus Cristo nos dias de hoje.

Sem dúvida, vivemos tempos conturbados. A falência dos padrões do passado e a ineficácia das soluções tradicionais, ocasionadas pelas rápidas e sucessivas transformações sócio-culturais, fazem-nos sentir pouco à vontade na sociedade em que vivemos. Para agravar a situação, deparamo-nos, dia após dia, com múltiplas e, por vezes, desconcertantes leituras da realidade, que nos dão a impressão de que somos estranhos em nossa própria terra. A crise é geral e atinge variados setores, como a família, o ensino, a cultura, a política e a economia. Este contexto problemático atinge fortemente também o cristão.

Como vemos, o cenário atual constitui um sério desafio para o cristão. Todos nos sentimos um pouco sozinhos, constituindo uma minoria. Uma desvantagem? Teria sido melhor ter nascido em séculos anteriores? Não creio. Pois percebemos claramente que a fé é uma opção pessoal, uma aventura que corremos. É escolher construir a própria vida pelo modelo da existência de Jesus de Nazaré e também um risco, que exige muita confiança em Deus, fundamento da nossa fé, consistência da nossa esperança. Mas não era assim no Antigo Testamento? A fé de Abraão, partindo para o desconhecido por confiar em Deus? A fé dos pobres e dos pequenos? A de Maria, acolhendo a interpelação de Deus, sem saber o que o futuro lhe reservaria?

No entanto, ela disse: - “Faça-se em mim a tua vontade”.

Hoje, temos a oportunidade de viver a fé de modo mais autêntico do que as pessoas de alguns séculos atrás, que se amparavam em uma sociedade natural e culturalmente cristã. Uma sociedade pouco exigente de liberdade. Poucos acreditam, a não ser no que lhes convém acreditar. Para nós, cristãos, é a pessoa de Jesus Cristo, sua história, suas palavras e ações, que fundamentam nossa fé. O modo como Jesus viveu sua existência permanece fascinante e atraente através dos séculos. Ao confessá-lo como Filho de Deus e Salvador da humanidade, ao procurar concretizar, embora imperfeitamente, sua existência histórica na minha vida, experimento que minha opção é a certa, confirmando minha caminhada à medida em que a vivo, fornecendo luz e certeza à minha opção.

Como exprimiu São Pedro, que fez esta experiência: “Senhor, Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6, 68).

A característica de risco inerente à fé cristã é atestada fortemente no Novo Testamento. “Quem quiser salvaguardar sua vida, perdê-la-á; mas quem perder sua vida por minha causa, a salvaguardará” (Mt 10, 39). Observe-se que a segurança da salvação implica confiança, não em coisas ou em raciocínios, mas numa pessoa (“por minha causa”).

Procuramos ter, como Jesus, o centro de nossa vida fora de nós, levando a sério o outro, sensibilizando-nos com seu sofrimento, sua indigência, sua carência. Viver para o outro certamente resume bem o ideal cristão. Parece uma perda, mas é um enorme ganho, como confirmam os que entram seriamente nesta aventura. Ser conscientemente cristão, em nossos dias, significa, sem dúvida, remar contra a corrente e se perceber como minoria na sociedade. Conseguimos realizar esta proeza porque a força de Deus, o Espírito Santo, anima-nos interiormente. Somos diferentes porque somos sal da terra e luz do mundo. Somos diferentes porque testemunhamos o Cristo vivo entre nossos contemporâneos.

Fonte: P.I.M.E.

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